O cara das latinhas também era O CARA atrás das câmeras
- Rafaela Mazzaro
- 8 de fev. de 2016
- 2 min de leitura
Andy Warhol (1928-1987) está longe de ser um dos meus artistas favoritos (e isto não explica a você a minha escolha para o topo deste blog, eu sei, sou cheia destas contradições). Mas se eu tivesse me perguntado meses antes o porquê de não incluí-lo no hall dos meus "fodões" acho que não saberia explicar tendo na memória somente cinco ou seis de seus grafismos.
São as latinhas de soup Campbell, a multicolorida Marilyn Monroe e... esgotaram-se as minhas referências sobre um dos criadores da pop art. O cartaz da exposição WARHOL - Unlimited espalhado pelas estações de metrô parisienses também não ajudaram a oxigenar a minha curiosidade.
Mas como as programações das novas exposições em Paris não andam tão atrativas e o Musée d'Art Moderne ainda era um completo desconhecido para mim, fui de encontro ao Andy de peito aberto. O museu é enorme, tem uma coleção permanente, e gratuita, bem honesta – com Picasso e Braque, por exemplo. Tanto que mesmo num dia de semana e de muito frio e garoa, não me escapei de uma filinha básica na entrada, destino daqueles que deixam para comprar o ingresso na hora – ah, o ticket é necessário somente para as mostras temporárias.
12 euros mais pobre e digo que a expo não teria valido a pena se não fosse conhecer uma nova - e melhor - faceta do crítico do consumismo norte-americano. Não posso negar, com uma câmera na mão, Andy também era GE-NI-AL. Os textos da expo contavam que ele transformou seu ateliê em uma estúdio aberto, quase público, para quem estivesse afim de pirar com ele.

A começar pelos seus "retratos filmados", feitos entre 1964 e 1966, apresentados logo no início da coleção. Bob Dylan, Salvador Dali, Marcel Duchamp, e várias outras celebridades, sem roteiros, sem edição, são encarados por horas pela câmera de Warhol como se fossem nossos olhos. Seria uma delícia se perder no tempo os observando - e os "consumindo". A verdade é que nem um miserável banquinho foi posto pra acomodar o público, além dos telões estarem instalados bem em local de passagem entre uma sala e outra. Parece que era mesmo para dar "oi" e "tchau".
Bem, no escurinho de outra sala - agora sim! -, banquinhos e espaço para assistir o famoso "Empire" (1964), que tem oito horas de duração, e é nada mais, nada menos, que uma câmera capturando o famoso Edifício Empire State Building horas a fio.
Mas o mais genial para mim são as imagens dos concertos Velvet Undergound, banda nova-iorquina a qual Andy inspirou e financiou. No “Exploding Plastic Inevitable” (1966) se vê um pouco de tudo que identifica Andy nesta área: performance, distorção, tratamento de cores, mistura de real e surreal, ou seja, uma coza mutcho loka.
Infelizmente, a exposição em Paris saiu de cartaz no último dia 7. Mas existe uma fundação que cuida do legado do artista e que volta e meia está divulgando alguma exposição dele pelo mundo afora. Só no ano passado, foram realizadas mais de 40 delas.
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