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Nosso novo (e inspirador) lar

Provavelmente esta é a primeira das muitas vezes que vocês lerão neste blog algo sobre o bairro Belleville, no 20º arrondissement de Paris. Conheci a região a partir de um site e fiquei curiosa desde as primeiras indicações que mencionavam um lugar aberto às diversidades culturais, fora da rota turística popular e marcado pela presença de street art. Pronto. Foi a deixa para fazermos a primeira visita, em novembro passado.

Caminhamos muito na nossa primeira visita ao bairro - mais de duas horas, acredito. Sentimos aquele clima de boa vizinhança, com áreas bem residenciais e outras mais badaladas, pequenos comércios e obras à céu aberto.

Em alguns aspectos, Belleville é muito parecido com Montmartre, meu bairro favorito na capital francesa: ambos ficam em locais altos, possibilitando uma visão privilegiada da cidade, além de serem conhecidos pela concentração de produção artística. O Parque de Belleville proporciona uma visão lindíssima da Torre Eiffel.

A "Dama de Ferro" vista do Parque de Belleville

Aquele passeio acendeu uma vontade oculta de frequentar mais a região onde nasceu Edith Piaf. Na verdade, ela só se manifestou quando chegou a hora de buscarmos um novo lar por aqui. Moramos em Saint-Ouen desde que chegamos - uma região fora de Paris, porém, interligada pelo sistema de transporte público. É uma opção mais barata para quem tem poucas condições financeiras e mesmo assim não quer se submeter aos estúdios de 15 m² que são oferecidos aos montes em Paris.

Acontece que também queríamos ter outra experiência na cidade, nem que fosse por um período menor. Foi aí que um anúncio no AirBnb de um cantinho em Belleville nos chamou a atenção. Entramos em acordo e nossos dois últimos meses por aqui serão passados naquele bairro. Enquanto não nos mudamos, Belleville também é onde tenho feito aulas desde a última semana, então, é provável que eu escreva mais vezes sobre as minhas novas descobertas sobre o lugar.

A fama de Belleville em relação à arte urbana se confirma facilmente. Os grafites e sticker art estão por toda a parte, às vezes tímidos, quase imperceptíveis, às vezes superconcentrados, como na a estreita rua Dénoyez, onde os muros são cobertos por desenhos.

A rua também possui bares interessantes para uma contemplação mais demorada

Dénoyez é uma espécie de tela aberta e em constante mutação. Quando a conhecemos, havia um grupo de jovens artistas trabalhando. Ao primeiro momento, nossa curiosidade não foi muito bem recebida por eles e acabamos permanecendo pouco. Enfim, ainda devo voltar lá com mais sorte. Parece que existe um projeto da prefeitura de Paris que quer construir habitações sociais no local, o que acabaria com a galeria à céu aberto.

O bairro possui associações que fortalecem esta prática da arte urbana e arte contemporânea na região. Estes artistas foram chegando à Belleville depois dos anos 1980, acredito que pela oferta imobiliária mais atrativa, mais ou menos como aconteceu com Montmartre entre o século 19 e começo do 20. Hoje, a região abriga também galerias de arte contemporânea bem conceituadas.

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